sábado, 16 de abril de 2016

Poder público de São Gonçalo abandona Políticas Públicas e Movimentos em Defesa da Mulher



“Mulher é morta pelo próprio companheiro na Comunidade do Escadão, no Galo Branco”, “Ex-marido mata mulher a facadas no Coelho em SG”, “Dona de casa é morta por marido e seu corpo é encontrado dentro de porta mala na BR-101, em Guaxindiba”, “Professora é morta após ser estuprada e esfaqueada em Brasilândia, São Gonçalo”, “Mulher morre depois de ser espancada dentro de casa, em São Gonçalo”. Todas estas frases são títulos de matérias  que saem nas páginas policiais dos jornais, o que nos leva a resumir toda esta barbárie em uma só frase: AS MULHERES DE SÃO GONÇALO ESTÃO DESPROTEGIDAS.


Falta de proteção e descaso  definem bem a situação das mulheres gonçalenses em relação à violência doméstica na gestão do atual prefeito. Entregues à própria sorte nas mãos de maridos, ex-maridos, companheiros ou namorados agressivos e sem onde recorrer para pedir ajuda, tornam-se vítimas fáceis de seus algozes. O resultado disso são casos cada vez mais frequentes de mulheres sendo assassinadas brutalmente por seus companheiros, conforme ocorreu recentemente nos bairros do Coelho e em Guaxindiba, onde o ex-marido ateou fogo à casa matando a si próprio, a mulher e um dos filhos.

Msrisa Chaves afirma  que políticas em defesa da mulher em SG retrocederam

De acordo com a representante do Movimento de Mulheres de São Gonçalo, Marisa Chaves, o atual prefeito desde o início de seu mandato, sequer recebeu representantes do Movimento de Mulheres em seu  gabinete, apesar dos inúmeros  ofícios enviados. “ A defesa de mulher e da sociedade gonçalense como um todo, vem sofrendo nestes três anos grandes perdas como  o fechamento do Centro Especial de Orientação à Mulher Zuzu Angel (Ceom) de Neves.Há oito meses sem realizar suas atividades, sob  alegação da prefeitura de que seria reformado, o Ceom até hoje não foi devolvido à população feminina de São Gonçalo".  

Prestes a  completar 19 anos em 26 de agosto de 2016, o Ceom Zuzu Angel foi o primeiro centro público de atendimento às mulheres expostas às situações de violência doméstica e de gênero. “Antes, as mulheres encaminhadas pelas delegacias após casos de violência, iam direto para o Ceom. Mas, agora muitas estão deixando de ser atendidas por que o local está fechado ”, explica Marisa.


Outra perda importante foi a extinção em 2014, da Subsecretaria Municipal de Políticas para Mulheres que trabalhava com um orçamento de 2 milhões, o que ajudava a desenvolver políticas públicas para as mulheres. Com a criação da coordenadoria, esse valor orçamentário passou para 1 milhão e 990 para ser distribuído  em três partes, voltados para  Atenção ao Idoso, Mulher e Pessoas com Deficiência., ou seja , o orçamento destinado às políticas para mulheres diminuiu consideravelmente e prejudicou o trabalho. Fora  que os cargos comissionados aumentaram”, afirma Marisa que apontou outras perdas. “O Conselho da Mulher perdeu sua sala e a Casa Abrigo da Mulher, entregue  à Prefeitura de São Gonçalo, em 2012 pela Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) continua fechada. Eu já perdi a esperança de que este abrigo  vá  entrar em funcionamento nesta gestão”.

Marisa Chaves foi convidada pela REDE-SG para ministrar a palestra "Mulheres no Século XXI: Desafios e Avanços"


André Correia e Rafaela Silva do diretório da REDE-SG fazem a abertura da palestra

“Fiquei muito feliz com o nascimento da  REDE que vem pra trabalhar justamente em  rede com perspectivas de articulação e eu pretendo contribuir para o processo de reflexão sobre os avanços e desafios da mulher no século XXI, começando pela década de 20 e chegando aos dias atuais, onde temos alguns retrocessos que colocam em risco conquistas históricas de movimentos  de mulheres e feministas pelo  Brasil como por exemplo a perda do Ministério da Mulher que passou a ser uma Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, o que significou perda de orçamento e recursos financeiros, Em São Gonçalo tivemos um retrocesso geral nas políticas em defesa da mulher .A gestão atual não  tem mostrado nenhum compromisso com as politicas para as mulheres. A Campanha  “São Gonçalo de mãos dadas pelo fim da violência contra as mulheres” que  já acontecia há 7 anos  consecutivos, não é realizada desde que o atual prefeito assumiu a prefeitura”.

Dossiê Mulher

O Dossiê Mulher 2015”, do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), aponta São Gonçalo como a cidade do Estado do Rio de Janeiro com o segundo maior número de casos de ameaças contra o sexo feminino, com 3.711 registros em delegacias. Já em relação ao número de homicídios dolosos contra mulheres, São Gonçalo teve aumento de 18%, passando de 10 para 19 registros. "O Dossiê Mulher 2016 deve sair até o final deste mês e a falta do Ceom já está sendo vista neste aumento da violência contra  a mulher em São Gonçalo nos homicídios dolosos. A mulher pode até ir à delegacia, mas depois não dispõem mais do acompanhamento do Ceom e não tendo tempo de se defender, acaba  morrendo,  vítima do seu agressor.  Isso retrata o fracasso das politicas públicas para as mulheres em São Gonçalo, o que tem contribuído para o feminicídio (perseguição e morte intencional de pessoas do sexo feminino, classificado como um crime hediondo no Brasil)". 

Diego São Paio conversa com mulheres

O vereador Diego São Paio assistiu  a palestra  e ao final conversou com a palestrante Marisa  Chaves  e as mulheres que participaram. Para Marisa, é  importante  que os pré-candidatos à Prefetiura de São Gonçalo assinem uma carta compromisso com o Movimento de Mulheres pra tentar resgatar pelo menos o que foi perdido.

Diego São Paio com mulheres de liderança em  São Gonçalo



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