O
domingo do dia 3 de abril amanheceu com céu
muito azul e com a certeza de ajudar e celebrar uma causa nobre, a “Caminhada
de Conscientização do Autismo". Centenas de pessoas vestidas de azul
percorreram a orla da Zona Sul de Niterói passando pela Praia de Icaraí e
seguindo até o final da Avenida Jornalista Alberto Francisco Torres. O evento
teve início às 10h no Museu de Arte Contemporânea (MAC).O objetivo é
reivindicar a inclusão social de pessoas com autismo. Participaram da
caminhada pais e familiares de autistas, profissionais e apoiadores da causa.
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Renata Idalgo,Márcia Brito, Fátima Miranda e Verônica Inaciola na caminhada |
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Renata Idalgo, Diego São Paio e Márcia Brito |
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Márcia Brito, Renata Idalgo, Fátima Miranda e Verônica Inaciola |
Realizada
em Niterói pela primeira vez, a data da caminhada foi escolhida em função da
semana do Dia Mundial da Conscientização do Autismo, 2 de abril, criado pela
Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007. O evento é organizado pelo
terceiro ano pelo grupo “Movimento Família Azul”, que reúne responsáveis,
profissionais de saúde, de educação e apoiadores, das cidades de Niterói, São
Gonçalo e Itaboraí. De São Gonçalo, a professora Mila Figueira, de 47 anos, e a
funcionária pública Barbara Parente, de 42, são lideranças nesta causa e somaram
seus esforços como mãe de crianças autistas na luta pela igualdade de direitos
dos autistas na cidade.
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Saulo Laucas |
O tenor internacional, Saulo Laucas, cantou e encantou a todos na caminhada arrancando aplausos da multidão. Saulo é um exemplo de vida de um jovem cego que superou o autismo, entrou para a faculdade de música e virou tenor.
Diego São Paio é autor
de leis municipais que garantem direitos dos autistas
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Diego São Paio em defesa dos autistas |
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Diego São Paio fala ao final do evento |
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Renata Idalgo, Diego São Paio e Fátima Miranda |
O
vereador de São Gonçalo, Diego São Paio (Rede Sustentabilidade) participou da
caminhada e falou sobre a importância deste trabalho. “.A nossa região
metropolitana hoje serve como exemplo para outros municípios, e até outros
países, no que diz respeito às ações e políticas públicas para o autista. Somos
espelhos para o Brasil e por isso temos transmitido cada vez mais nosso
conhecimento e experiências à outras cidades. O grupo Família Azul é formado
por famílias e profissionais que atuam com pessoas autistas da região, mas a
caminhada sempre acaba recebendo gente de todo Estado”, disse.
Diego
já apresentou projeto de lei que institui a política municipal relativa aos direitos
das pessoas com TEA-Transtornos do Espectro Autista. Os projetos foram
sancionados no início de 2014, tornando-se Lei Municipal. Diego apresentou
também um projeto de Lei 260/13 que
cria a Semana Municipal de Conscientização do Autismo. Além disso, promoveu
a audiência pública “Autismo: “Conhecer e Agir” que reuniu pais, familiares, profissionais da educação e saúde,além de autoridades a fim
de esclarecer dúvidas sobre Autismo e falar da responsabilidade que o Estado e
o município tem de garantir e promover a inclusão social deste grupo .
O
Transtorno do Espectro Autista é uma disfunção no desenvolvimento que afeta a
capacidade de comunicação, de socialização, comportamento e, em muitos casos, a
linguagem. Para um melhor tratamento o diagnóstico deve ser feito antes dos dois
anos de idade.O que ainda não é realidade no nosso país.
Ícone
da defesa dos direitos dos autistas, Berenice Piana, empresária e moradora de
Itaboraí é uma das fundadoras do grupo Família Azul,, Ela também é uma das
autoras da Lei Federal 12.764 de 2012, que leva seu nome e que inseriu o
autismo entre as deficiências físicas, garantindo acesso ao diagnóstico, ao
tratamento, à educação e à cidadania.
Mãe
de um menino autista (hoje com 19 anos), Berenice conta que desde que recebeu o
diagnóstico de seu filho, luta pelos direitos das pessoas com autismo. Ela estudou
por anos o assunto e sugeriu ideias para a implantação de políticas públicas
que levaram à criação da Lei 12.764/12 sancionada pela presidente Dilma Rousseff
em 28 de dezembro de 2012.“Mesmo recebendo resistência, não desisiti”, disse.
Berenice
foi à Brasília, insistiu, e após uma longa trajetória foi ouvida.
A Lei Berenice Piana
Publicada
no Diário Oficial da União em 28 de dezembro de 2012, a Lei 12.764/12 – “Lei
Berenice Piana” institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa
com Transtorno do Espectro Autista.
Ao
instituir uma política nacional, a lei concede ao autista os benefícios legais
de todos os indivíduos com deficiência, incluindo desde a reserva de vagas em
empresas com mais de cem funcionários até o atendimento preferencial em bancos
e repartições públicas. E devem se beneficiar da lei não só os pacientes com
diagnóstico fechado, mas também aqueles casos em que há suspeita.
Com
veto a três trechos, a lei estabelece a criação de um cadastro único com a
finalidade de produzir estatísticas nacionais sobre o assunto, a participação
da comunidade na formulação das políticas públicas voltadas para os autistas,
além da implantação, acompanhamento e avaliação.
Além
disso, garante o acesso a ações e serviços de saúde, incluindo: o diagnóstico
precoce, o atendimento multiprofissional, a nutrição adequada e a terapia
nutricional, os medicamentos e as informações que auxiliem no diagnóstico e no
tratamento também estão previstos assim como o acesso à educação e ao ensino
profissionalizante, à moradia, ao mercado de trabalho e à previdência e
assistência social.
Para
cumprimento das diretrizes, o poder público poderá firmar contrato de direito
público ou convênio com pessoas jurídicas de direito privado.
Em
casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista,
incluída nas classes comuns de ensino regular, terá direito a acompanhante
especializado durante as atividades realizadas no ambiente escolar.
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