Em artigo anterior abordei o tema
“imposto sindical: a quem serve?”. Muito além da reforma trabalhista, que
trouxe retrocessos e alguns avanços, a questão do imposto sindical sempre foi
um debate recorrente, principalmente em tempos de crise.
A falta de transparência na
gestão dos recursos - que são públicos - apoiada pela vitória do movimento
sindical na era Lula, de retirar da mira do Tribunal de Contas da União o
controle sobre as contas sindicais, parece não ter fim.
Para a eleição do Crea-RJ, como se
não bastasse o aparelhamento deliberado
da entidade sindical de apoiar uma das candidaturas à presidência do Crea-RJ,
os dirigentes da entidade, que se revezam no poder há mais de 30 anos ( é isso
mesmo que vocês estão lendo: 30 anos)
sem renovação dos seus quadros, insistem em tornar legítimo o que na
verdade se apresenta como imoral. Falam de mudança no Crea-RJ mas se perpetuam
no poder há 30 ANOS alternando entre si os cargos de presidência e diretoria.
Onde existe a democracia nesta perpetuação? Democracia que não dá espaço para
novas lideranças dentro do Sindicato? Que paradoxo contraditório é esse? Como
abordei em artigo anterior, é fácil falar de democracia apenas no nome, vive-la
e sobretudo, praticá-la, é para poucos.
Mais uma vez, a candidatura
oficial do Senge-RJ se utiliza do imposto sindical cobrado compulsoriamente dos
profissionais, para oferecer uma feijoada gratuita de apoio aos candidatos
apoiados pelo sindicato. A boca livre,
financiada pelo imposto, portanto pelo dinheiro público, que deveria moralmente
e legalmente ter outra destinação, foi até tema do debate eleitoral realizado
na sede do Crea-RJ, na última terça-feira. Na peça publicitária, ainda um.aviso: “só será permitida a
panfletagem dos candidatos fulano, beltrano e sicrano”. O mais engraçado ainda
foi que no dia seguinte à critica que pegou super mal para eles no debate, sem
mais nem menos, modificaram o nome do evento de campanha que estarão promovendo
para o seu candidato.
De forma amadora, fizeram nova
arte e colocaram o título de “ feijoada democrática”, pensam que o profissional
do Sistema Confea/ Creas não está percebendo tudo? Os profissionais nunca foram
simpáticos ao imposto sindical e nem tão pouco ao seu sindicato.
Como recorro sempre a citações de
pensadores da antiguidade, vale lembrar que Roma aplicava a política do “pão e
circo” para distrair e alienar o povo.
– “Pão e circo para o povo”.
Pra quem não sabe a célebre frase
é do imperador romano Vespasiano, cujo
nome completo era Tito Flávio
Sabino Vespasiano – ele ocupou o trono romano no ano de 69 DC e foi proclamado
imperador por suas tropas ainda em Alexandria,
sucedeu Nero e foi mentor
da construção do Coliseum. Pior que o
imperador era o povo que se submetia a isso e gostava!
Creio que a inteligência dos
profissionais da engenharia refletirá sobre o fato.
A pergunta que se faz é: como
defender a moralização do estado brasileiro se instituições ainda agem assim?
A velha tática continua, camuflada na tão falada “democracia”. Afinal
onde mora essa tal democracia que tanto falam e não praticam dentro de seu
próprio sistema e reduto eleitoral?
Os profissionais de Engenharia
estão observando tudo. Eles querem um Crea útil, com serviços de apoio a
carreira. Eles não querem pão e circo. Eles querem um Crea-RJ ágil e
tecnológico e não um Crea-RJ panfletário e partidário.
A bandeira dos profissionais do
Sistema Confea/ Creas é a defesa de suas profissões e da qualidade de seus
serviços e esta bandeira não é azul, amarela e nem tão pouco vermelha. Ela não
tem cor e, é para todos e por todos, tanto os da capital como de todo o
interior, do autônomo ao funcionário público, do empresário ao professor. Essa proposta
plural, quem levantou no Estado do Rio
de Janeiro foi o engenheiro eletricista e de segurança do trabalho Reynaldo
Barros.
Renata Idalgo é jornalista, professora, escritora e poeta. Trabalhou no CREA-RJ nos anos de 2000 a 2004 e 2009 a 2015, na Assessoria de Comunicação e também como Assessora de Imprensa. Contribuiu com matérias para a Revista do CREA-RJ e participou da Comissão de Pró-Equidade de Gênero e Raça do Conselho. Elaborou vários jornais institucionais para o CREA-RJ e instituições como IBEC, AEPET, AFEA entre outros.
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