quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Para onde vai o imposto sindical?



Em artigo anterior abordei o tema “imposto sindical: a quem serve?”. Muito além da reforma trabalhista, que trouxe retrocessos e alguns avanços, a questão do imposto sindical sempre foi um debate recorrente, principalmente em tempos de crise. 

A falta de transparência na gestão dos recursos - que são públicos - apoiada pela vitória do movimento sindical na era Lula, de retirar da mira do Tribunal de Contas da União o controle sobre as contas sindicais, parece não ter fim.

Para a eleição do Crea-RJ, como se não  bastasse o aparelhamento deliberado da entidade sindical de apoiar uma das candidaturas à presidência do Crea-RJ, os dirigentes da entidade, que se revezam no poder há mais de 30 anos ( é isso mesmo que vocês estão lendo: 30 anos)  sem renovação dos seus quadros, insistem em tornar legítimo o que na verdade se apresenta como imoral. Falam de mudança no Crea-RJ mas se perpetuam no poder há 30 ANOS alternando entre si os cargos de presidência e diretoria. Onde existe a democracia nesta perpetuação? Democracia que não dá espaço para novas lideranças dentro do Sindicato? Que paradoxo contraditório é esse? Como abordei em artigo anterior, é fácil falar de democracia apenas no nome, vive-la e sobretudo, praticá-la, é para poucos.

Mais uma vez, a candidatura oficial do Senge-RJ se utiliza do imposto sindical cobrado compulsoriamente dos profissionais, para oferecer uma feijoada gratuita de apoio aos candidatos apoiados pelo sindicato.  A boca livre, financiada pelo imposto, portanto pelo dinheiro público, que deveria moralmente e legalmente ter outra destinação, foi até tema do debate eleitoral realizado na sede do Crea-RJ, na última terça-feira. Na peça publicitária,  ainda um.aviso: “só será permitida a panfletagem dos candidatos fulano, beltrano e sicrano”. O mais engraçado ainda foi que no dia seguinte à critica que pegou super mal para eles no debate, sem mais nem menos, modificaram o nome do evento de campanha que estarão promovendo para o seu candidato.

De forma amadora, fizeram nova arte e colocaram o título de “ feijoada democrática”, pensam que o profissional do Sistema Confea/ Creas não está percebendo tudo? Os profissionais nunca foram simpáticos ao imposto sindical e nem tão pouco ao seu sindicato.

Como recorro sempre a citações de pensadores da antiguidade, vale lembrar que Roma aplicava a política do “pão e circo” para distrair e alienar o povo.
 –  “Pão e circo para o povo”.
Pra quem não sabe a célebre frase é do imperador romano Vespasiano, cujo nome completo era Tito Flávio Sabino Vespasiano – ele ocupou o trono romano no ano de 69 DC e foi proclamado imperador por suas tropas ainda em  Alexandria, sucedeu Nero e foi mentor da construção do Coliseum.  Pior que o imperador era o povo que se submetia a isso e gostava!

Creio que a inteligência dos profissionais da engenharia refletirá sobre o fato.

A pergunta que se faz é: como defender a moralização do estado brasileiro se instituições ainda agem assim?

A velha tática continua,  camuflada na tão falada “democracia”. Afinal onde mora essa tal democracia que tanto falam e não praticam dentro de seu próprio sistema e reduto eleitoral?

Os profissionais de Engenharia estão observando tudo. Eles querem um Crea útil, com serviços de apoio a carreira. Eles não querem pão e circo. Eles querem um Crea-RJ ágil e tecnológico e não um Crea-RJ panfletário e partidário.

A bandeira dos profissionais do Sistema Confea/ Creas é a defesa de suas profissões e da qualidade de seus serviços e esta bandeira não é azul, amarela e nem tão pouco vermelha. Ela não tem cor e, é para todos e por todos, tanto os da capital como de todo o interior, do autônomo ao funcionário público, do empresário ao professor. Essa proposta plural,  quem levantou no Estado do Rio de Janeiro foi o engenheiro eletricista e de segurança do trabalho Reynaldo Barros.

Renata Idalgo é jornalista, professora, escritora e poeta. Trabalhou no CREA-RJ nos anos de 2000 a 2004 e 2009 a 2015, na Assessoria de Comunicação e também como Assessora de Imprensa. Contribuiu com matérias para a Revista do CREA-RJ e participou da Comissão de Pró-Equidade de Gênero e Raça do Conselho. Elaborou vários jornais institucionais para o CREA-RJ e instituições como IBEC, AEPET, AFEA entre outros.

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